Por que a traição nos afeta tanto? A simples possibilidade da
infidelidade em um relacionamento deixa alguns desesperados que nem
crianças. Outros parecem não se importar, porque criaram uma defesa que
os torna mais frios e também menos abertos à entrega amorosa. De
qualquer forma, quando algo que cheire a infidelidade acontece, é uma
avalanche, porque sempre há uma dor muito profunda em jogo.
Esta é uma questão que até hoje causa um grande desgaste nas
relações, mas também tem sido fruto de debates importantes sobre o
modelo monogâmico de família. Muitas pessoas já se arriscam a viver
diferente.
Na Comunidade Osho Rachana,
experimentamos novas formas de nos relacionar. Os casais, por exemplo,
escolheram viver em casas separadas, mesmo com filhos. Não estou dizendo
que a fidelidade não seja uma questão forte ainda. Mas buscamos em
nossos trabalhos emocionais compreender melhor as causas do desespero.
Como Sartre e Simone de Beauvoir, poderíamos aceitar que nosso amado
realizasse seus desejos e simplesmente dizer: “Eu te amo meu amor,
portanto, se você sentiu atração por outra pessoa, tudo bem… Você vai
ficar mais completa/o e assim a gente vai poder se amar mais”. Mas
sabemos que este papo é balela na maior parte das situações.
A realidade da maioria dos mortais é bem menos libertária ou poética e
o que acontece é que um parceiro tenta dominar o outro e fazer
“contratos” reais, verbais ou até mesmo acordos silenciosos para evitar
esta possibilidade. Apenas esquecemos que estes contratos vão também
destruindo o amor.
Segundo o terapeuta corporal Prem Milan destaca em seu livro Por que você mente e eu acredito?,
é um grande equívoco nos comportarmos como se tivéssemos várias
torneiras que pudéssemos abrir ou fechar. “Eu fecho aqui para o João,
aqui para a Maria, ali para a Francisca e mantenho aberta só para o
Antônio. Esse é um erro, uma vez que a torneira da energia é uma só.
Você não pode interromper seu fluxo para uns e abrir para outros. Quando
você corta a possibilidade de exercer ou sentir atração fora do
relacionamento, tem início um processo de perda da sensualidade. Para
atender às expectativas inconscientes do outro, você passa a se vestir
mal, a engordar e não se cuidar direito.”
Para não atrair outras pessoas, acabamos ficando não atraentes para
nosso parceiro também. “Já não existe criatividade na relação, o sexo já
não possui aquele fogo do início, não há mais espaço para o inusitado.
Isso porque grande parte da energia dos dois está sendo reprimida em
nome de um pacto de fidelidade que não é natural”, afirma Milan.
É claro que não existe uma fórmula de comportamentos ideais nem um
manual de instruções. Tudo depende dos limites, dos sentimentos e das
escolhas de cada um. Mas uma coisa é certa, conclui Milan: sempre que
dizemos que aquela pessoa é nossa propriedade, o amor começa a morrer. E
ele deixa claro que não defende que não existe fidelidade. “Quando se
está amando profundamente, a gente só quer saber do toque da pessoa
amada, só quer para si aquela energia. Mas essa é uma fidelidade que
brota naturalmente, não fruto da repressão de seus impulsos e instintos.
Nada garante que o desejo de ser fiel vá durar para sempre.”
Forçar a barra no quesito fidelidade tem causado grande dano aos
relacionamentos, pois o amor nunca foi posse. O amor é liberdade. “A
confiança no amor, mais do que na pessoa amada, é algo fundamental a ser
resgatado. Sem ela, o medo do julgamento, do abandono e da rejeição
estarão muito presentes, tornando quase impossível a entrega”, conclui
Milan. Na sua visão, não olhar mais profundamente para esta questão
implica em amar superficialmente, sem viver a verdadeira beleza do amor,
sem viver o êxtase sexual, aquele momento em que nos perdemos em
explosões orgásticas e que só acontece se estivermos confiando.
domingo, 29 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drummond de Andrade
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drummond de Andrade
Assinar:
Postagens (Atom)