quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Origem das Espécies

A Origem das Espécies (em inglês: On the Origin of Species), do naturalista britânico Charles Darwin, é um dos livros mais importantes da história da ciência, apresentando a Teoria da Evolução, base de toda biologia moderna. O nome completo da primeira edição (1859) é On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida). Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado para The Origin of Species (A Origem das Espécies), como é popularmente conhecido.





Nesse livro, Darwin apresenta evidências abundantes da evolução das espécies, mostrando que a diversidade biológica é o resultado de um processo de descendência com modificação, onde os organismos vivos se adaptam gradualmente através da selecção natural e as espécies se ramificam sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande árvore: a árvore da vida.

A primeira edição, publicada pela editora de John Murray em Londres no dia 24 de Novembro de 1859 com tiragem de 1.250 exemplares, esgotou-se no mesmo dia, criando uma controvérsia que ultrapassou o âmbito académico. Um exemplar da primeira edição atinge hoje mais de 50 mil dólares em leilão.

A proposta de Darwin, que as espécies se originam por processos inteiramente naturais, contradiz a crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Génesis. As discussões que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o público, criando o primeiro debate científico internacional da história.

Darwin começa falando da importância de sua viagem ao redor do mundo a bordo do navio HMS Beagle, principalmente suas observações sobre a distribuição das espécies na América do Sul e as relações geoléogicas dos habitantes atuais e passados desse continente. Darwin também menciona a importante contribuição de Alfred Russel Wallace, co-descobridor do mecanismo da seleção natural, e a apresentação conjunta desse mecanismo na Sociedade Lineana de Londres por Charles Lyell e Joseph D. Hooker em 1858. Darwin critica o livro Vestiges of the Natural History of Creation, um best-seller publicado anonimamente em 1844, que falava da transformação das espécies, mas que não apresentava uma explicação para tais mudanças. Darwin ressalta que A Origem das Espécies é somente um resumo de suas idéias.

"Não tenho dúvidas de que a visão que a maioria dos naturalistas possui, e que eu previamente também tinha, de que cada espécie foi criada independentemente, é errônea. Estou totalmente convencido de que as espécies não são imutáveis; mas que aquelas que pertencem ao que chamamos do mesmo gênero são descendentes diretas de alguma outra espécie, geralmente extinta, da mesma forma que as variedades reconhecidas de qualquer espécie são descendentes daquela espécie. Além disso, estou convencido que a Seleção Natural é o meio principal, mas não exclusivo, de modificação."


"Poucos naturalistas dotados de flexibilidade intelectual, e que há tempos tenham começado a duvidar da imutabilidade das espécies, podem ser influenciados por este livro. No entanto, minha confiança está voltada para o futuro, para os jovens naturalistas em formação, que serão capazes de enxergar com imparcialidade ambos os lados da questão. Quem acreditar que as espécies são mutáveis prestará um bom serviço à ciência, exprimindo de forma consciente sua convicção, pois somente assim se poderá desembaraçar a questão de todos os preconceitos que a cercam."

No último capítulo de seu livro Darwin faz uma recapitulação às objeções e circunstâncias favoráveis à teoria da Seleção Natural.
Charles Darwin aos 51 anos, na época da publicação da primeira edição de A Origem das Espécies

Como principal objeção Darwin aponta a dificuldade em explicar como órgãos e instintos complexos poderiam ter sido produzidos pelo processo de seleção natural. Em resposta, ele sugere que essa dificuldade pode ser superada se se assumir que todos os órgãos e instintos são passíveis de modificações e há uma luta pela sobrevivência onde o vencedor preserva as melhores modificações. Apesar de admitir que seria difícil prever quais foram as gradações que ocorreram durante o processo de modelagem de uma característica, o estado de perfeição poderia ser alcançado por meio de várias gradações intermediárias, desde que cada uma delas seja útil e melhor que a precedente. A teoria de descendência com modificação prevê que todos os indivíduos de uma espécie, espécies de um mesmo gênero e também grupos menos restritos devem ter um antepassado comum, e isso implica que indivíduos mais próximos geograficamente devam ser mais aparentados que aqueles situados em locais distantes. Porém, isso não explica espécies que apresentam ampla distribuição geográfica ou uma distribuição disjunta ao longo do globo terrestre. Para esses caso, Darwin sugere que eventos de migração, extinção de intermediários e mudanças climáticas durante os períodos glaciais possam ter moldado essas distribuições aparentemente em desacordo com sua teoria. Outra forte objeção à teoria da seleção natural seria a falta no registro fóssil das formas intermediárias que Darwin sugere terem existido. Ele porém argumenta que o registro fóssil é imperfeito e que o processo de fossilização requer condições muito específicas e até improváveis, sendo que muitos organismos, devido a sua estrutura corporal, jamais poderiam ser fossilizados.

Durante o processo de seleção artificial, o homem atua selecionando as variabilidades que mais lhe interessa, porém a ação do homem nada tem a ver com a produção dessa variabilidade. Segundo Darwin, as leis que regem a variabilidade são ligadas à correlação de crescimento, ao uso e desuso e à ação direta das condições físicas, e essa variação pode ser transmitida hereditariamente. Darwin traça aqui um paralelo entre seleção natural e artificial, sugerindo que na seleção natural quem seleciona é a natureza e não o homem. Há uma luta pela sobrevivência uma vez que nascem mais indivíduos do que o ambiente é capaz de suportar; sendo assim, a natureza seleciona os mais aptos (com as melhores variações). Darwin ainda cita a disputa entre machos pela posse de fêmeas e chama esse processo de seleção sexual, estabelecendo assim que a seleção natural é a luta pela sobrevivência e a seleção sexual a luta pelo acasalamento. Em ambos os casos, apenas aquele indivíduo que possuir a variação mais vantajosa vencerá a luta.
Fronstispício da 1a edição em inglês do livro A Origem das Espécies de Charles Darwin (1859)

Em defesa a teoria da Seleção Natural, Darwin se dedica a explicar por que espécies não podem ser atos independentes de criação. Primeiro ele aponta que se as espécies fossem independentes não deveria haver dificuldade para se definir o limite entre uma e outra, nem tampouco deveria haver tantas formas intermediárias entre elas. Ele também cita que o axioma Natura non facit saltum (a Natureza não dá saltos) não deveria ser uma lei natural se as espécies fossem criações independentes. Além disso ficaria difícil explicar a razão da criação de planos biológicos imperfeitos, como por exemplo o caso de aves que não voam, ou a abelha que morre ao utilizar seu ferrão. O fato de duas áreas distantes apresentarem as mesmas condições de vida e habitantes completamente diferentes seria facilmente explicado pela teoria de modificação com descendência, mas não pela criação independente. A presença de morcegos e ausência de outros mamíferos em ilhas oceânicas distantes do continente e a homologia entre os ossos da mão do homem, asas do morcego e barbatanas de baleias são outros exemplos que não poderiam ser explicados pela teoria da criação independente.

Darwin acreditava que duas razões principais levavam muitos naquela época a crer que as espécies eram imutáveis. A primeira era a crença que a idade de criação da Terra fosse muito menor do que realmente é, não havendo assim tempo geológico suficiente para que todas as mudanças ocorressem de forma lenta e gradual, sendo acumuladas até gerar os organismos como são hoje. A segunda razão era a crença que o registro fóssil estava completo e que apenas aqueles organismos encontrados foram os que já existiram e se extinguiram, sem fornecer assim uma evidência dos intermediários entre as espécies.

Darwin deixa a idéia de que a teoria de descendência com modificação pode abranger membros da mesma classe e mesmo reino, e ainda sugere a possibilidade de que todos os seres vivos tenham se originado a partir de uma só forma principal.

Darwin sugere como a aceitação da Teoria da Seleção Natural pode vir a influenciar os estudos de História Natural. Ele prevê que não haverá uma definição satisfatória e unânime do conceito de espécie e que nossas classificações se transformarão cada vez mais em genealogias onde serão mapeados os caracteres herdados. Juntando informações mais precisas de geologia, Darwin diz que seremos capazes de recriar rotas migratórias seguidas pelos habitantes do mundo. Poderemos ainda utilizar a soma das modificações nos fósseis encontrados em formações geológicas consecutivas como medida relativa do tempo decorrido entre essas formações. Darwin ainda prevê que a seleção natural pode influenciar estudos de psicologia e auxiliar no entendimento da origem do homem e de sua história.

Por fim, Darwin aponta que Hereditariedade, Variabilidade, Multiplicação dos Indivíduos, Luta pela Existência, Seleção Natural, Divergência dos Caracteres e Extinção das Formas Menos Aptas são as principais leis responsáveis por moldar as formas que conhecemos hoje no mundo.


Segue conteúdo mais aprofundado sobre a Origem das Espécies, inclusive o próprio livro.


A Origem das Espécies - Charles Darwin
O Livro

Documentário no Youtube:

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6

Nenhum comentário:

Postar um comentário