quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Insight do Ser

 



Uma das ilusões mais arraigadas do 'estar humano' são os relacionamentos amorosos.

No sentido de serem os portais que mais revelam as nossas faltas, dores e projeções egoicas.

São também os maiores vórtices de idealização e de catarses emocionais.

Nos relacionamentos, todos os nossos aspectos mais sombrios vem à tona, vem à Luz que Somos para serem integrados.

E, ao mesmo tempo, através deles nos conhecemos e transcendemos a nossa mente-personalidade.

O convite aqui é para olhar, amorosamente, para o que, de fato, nos conecta ao outro. 

Olhar para os nossos medos e todas as suas derivações.

Como o medo da solidão, medo de não ser aceito e amado, ciúmes, possessividade, jogos de poder, carência afetiva e sexual, submissão, abusos, arquétipos como provedor-pai da parceira ou salvadora-mãe do parceiro, etc.

E até mesmo mecanismos mais sutis como a romantização espiritual, autocobrança de despertar o outro, passividade, estagnação, relação por status ou conveniência, compromissos morais e religiosos, pena da condição do outro, etc.

Quando nos relacionamos a partir de nossa mente-passado, estas e outras questões podem se apresentar como um processo natural da Vida e do Despertar.

Não há nada de errado. O ponto é que podemos ir além dos papéis que incorporamos e destas emoções densas.

Podemos usar todos estes aspectos para expandir a nossa Consciência e encontrarmos o Equilíbrio Interior.

Ou melhor, perceber que a própria Vida está fazendo isso.

Nos convidando a todo instante para nos libertarmos das limitações e da ilusão da separação.

Quando começamos a ver as prisões, já estamos a caminho da Liberdade. 

O que, muitas vezes, inclui a coragem de encarar o término de uma relação que já cumpriu o seu propósito, que já não te leva mais a crescer.

Podemos e devemos sair do sofrimento que fomos acreditando ser normal e que nos faz merecer menos do que realmente merecemos. 

E esta travessia da dependência à Liberdade, inclui a inevitável dor da "desromantização".  Ou seja, abrir os olhos para ver além do que virou costume e conformismo.

Para o ego, um salto no escuro.

Pois, não se trata apenas de uma relação que acaba, mas de todo um investimento de energia mental naquela história.

São muitas expectativas, sonhos e ideais que se dissolvem juntamente com a ruptura.

É uma parte nossa que morre, intensamente.

Mas, após a vivência deste luto interno, é também outra versão nossa que renasce.

Mais íntegra, plena e livre.

Retornamos novamente a nós mesmos.

Nos ancoramos no Amor que Somos.

Aprendemos a nos bastar.

Afinal, relacionamento é para somar e não para preencher lacunas. 

Relacionamento na Era do Agora é baseado no Amor e não no medo.

Não no amor romântico, mas no Amor como Essência e Verdade de cada Um.

É o compartilhar da Liberdade individual.

É para ser leve, espontâneo e expansivo.

Assim como É o nosso Ser. 


Texto: Valéria Centenaro 

Instagram: @valeria.centenaro

Arte: Erica Wexler

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